Todas as cores do arco-íris. A chuva que vai cair amanhã. Os livros largados na estante. O encontro que nunca aconteceu. As frutas apodrecendo na feira. A moeda caída no chão. O céu do fim de tarde.
A ave saindo do ovo. O recado colado na geladeira. O som dos grãos de areia. A fila no banco. O verão do ano passado. As folhas caindo da árvore. O reflexo da lua no mar. As contas por pagar.
O saco plástico voando. O copo vazio. Os avanços da ciência. A viagem das próximas férias. As estrelas no céu. O descanso na rede. A receita do almoço de domingo. Os quadros que decoram a parede.
O frio da madrugada. A buzina dos carros. O bolo de aniversário. As roupas secando no varal. O relógio quebrado. A nascente do rio. Os conselhos que ninguém deu. O topo da montanha. A fotografia guardada na carteira.
O cigarro apagado. A semente brotando. As promessas não cumpridas. O banho de praia. A televisão desligada. As cartas do baralho. Os compromissos adiados. A lista de compras. Os mistérios da vida.
A chave de casa. O valor do dinheiro. As lembranças esquecidas. A visita inesperada. O perfume das flores. O sentimento de vazio. Os costumes que ficaram pra trás. A pedra no meio do caminho. Os problemas sociais do mundo inteiro.
O sorriso das crianças. As notícias manipuladas. Os parques de diversão. A indústria da moda. Os raios do sol. As conversas interrompidas. O futuro da humanidade. Os hospitais lotados. As festas de ano novo. Os anúncios publicitários.
As invenções que revolucionaram a história. Os jogos de azar. A música que todos sabem cantar. As armas de fogo. O movimento dos astros. Os sinais de um tempo que ainda está por vir.
As cercas elétricas. A trajetória do vento. As mudanças de estação. As prisões de segurança máxima. Os passos da evolução. As estradas que se cruzam. O lixo de todas as cidades.
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Quem Riscou Minha Revista? é um trabalho de intervenção textovisual em anúncios e matérias de revistas semanais de massa. O objetivo da idéia é simples, e pode ser resumido em dois pontos: desmarquetizar a propaganda & descredibilizar o jornalismo.
Instituir o desconsumo consciente e fomentar a desconstrução de idéias. Anulação da propaganda enquanto estratégia de venda, desapropriação do conteúdo veiculado e financiado pelo capital especulativo. Desconfiguração do jornalismo enquanto plataforma de alienação ideológica, desinformatização de notícias emitidas por estruturas de exploração e exclusão social.
Conversão das mensagens tendenciosas através de manipulação textovisual, em favor da liberdade de expressão. Divulgação da experiência em função da arte gratuita.
QRMR? é um produto da interação artística entre Tiago Mesquita e Sofia Higashi. Sofia, artesanal e visual. Tiago, digital e textual. O diálogo dos artistas flui sem direção sob o descomando da espontaneidade. O resultado é o coletivo QRMR?, uma experiência comunicativa independente. Registro existencial do desinteresse específico e da imersão no total.