fala que eu te escuto #1


TEMA: TRABALHO E SUBMISSÃO

"Por que toda vez que o cara chega no trabalho se sente um pouco doente?"

Porque os ambientes de trabalho são projetados para nivelar as pessoas por baixo, amputar suas diferenças, ignorar suas necessidades e aspirações, bem como uniformizar seus ideais e idéias. Tudo em benefício de uma suposta produtividade, que ironicamente pouco leva em consideração as pessoas responsáveis por ela.

"E por que todo chefe tem um funcionário que manda nos outros?"

"Alguém tem que fazer o trabalho sujo", responderia um dos subalternos de Don Corleone. Não é fácil pra ninguém dar ordens descabidas, amendrontar os funcionários, cobrá-los desnecessariamente, encher seus respectivos sacos e submetê-los às mais diversas injustiças, imposições, normas e padrões de conduta.

É por isso que quem está no poder elege alguém para fazer as tarefas negativas, para não sujar a própria imagem perante os funcionários e sair limpo dessa história, como alguém que na pior das hipóteses garante o meio de vida do empregado.

"De que forma posso agir para mudar esse quadro crítico?"

Dentro de tanta hostilidade e desconsideração com a pessoa que somos (levando-se em consideração aí o valor, a singularidade, a representatividade do cargo de cada um), nos resta mobilizar nossos colegas de profissão, bem como todos os outros assalariados, a se movimentar e tomar atitudes isoladas, independentes, revoluções moleculares, afim de cooptar através do contágio novas personas dispostas a fazer um mundo melhor. Ou seja, vamos utilizar as estruturas corporativas para injetarmos nosso mais doce veneno e minar aos poucos toda esse esquema violento que suga nosso bem mais precioso: a energia.

Precisamos botar ao chão essa estrutura de hierarquização, de trabalho excessivo e escravo, de desnecessidades e irrealismos além da conta, e de toda essa mentalidade mecanicista que prega a necessidade de nos aperfeiçoarmos constante e desnecessariamente, árdua e incessamente, como se fôssemos ou pudéssemos ser máquinas, e o pior, máquinas que rendem cada vez mais, que dão cada vez mais lucros e nunca, nunca, podem nem devem dar defeito: um raciocínio tido como lógico porém ilógico na prática, que sem dúvida alguma não deveria ter durado muito mais do que Descartes durou na Terra.

Lembre-se sempre: competência não é subserviência. Que essa revolta continue e façamos parte dela. Afinal, a vida é uma tela onde você escolhe entre ser personagem ou paisagem.


 
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